Sinais de uma tragédia que se anuncia.


A princípio sinais indicativos. Logo após, a tragédia anunciada propriamente dita. Eis o roteiro da história que está a se passar no âmbito da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT). Pelo menos, é o que se extrai das evidências nada animadoras.

A começar pela efetivação do plano de demissão voluntária desenvolvido pela ECT, que resultou em mais de cinco mil demissões.

Ainda, pelo adiamento inexplicável da contratação de carteiros via concurso público e a contratação de mão de obra terceirizada e de estagiários e jovens aprendizes para ocuparem mais de três mil vagas no setor administrativo.

Outro sinal indicativo de tragédia é o imobilismo constante da CTB e da corrente cutista Articulação Sindical, que inclusive neste ano não mobilizarão a base para a campanha salarial, quiçá para impedir qualquer tipo de mobilização centralizada.

Por fim, temos a criação pelo Planalto do Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) cujo objetivo precípuo é estudar a modernização da ECT.

Pois bem, Hélio Costa (atrelado à Rede Globo, diga-se), ministro das Comunicações, preparou uma medida provisória (MP) que subsume os debates ocorridos no âmbito do GTI. Uma das propostas ventiladas na MP é a criação dos Correios S/A. A idéia é transformar a ECT (hoje uma empresa 100% estatal) em uma sociedade anônima, regime onde os acionistas privados é quem de fato traçam os rumos da empresa, por exemplo, em relação a investimentos, divisão dos lucros, contratação e demissão de trabalhadores, etc.

Uma das conseqüências nefastas desta medida será o provável abandono dos locais que hoje são considerados deficitários, além do fim da estabilidade dos carteiros (concedia às duras penas pelo STJ), a precarização das condições de trabalho, e, o mais grave, o escoamento da receita oriunda do monopólio da atividade para as multinacionais – as verdadeiras e majoritárias acionistas.

Mas, como saber se tais conseqüências realmente se verificarão? Simples, basta olhar o exemplo da Petrobrás, que hoje possui dois terços de seus trabalhadores terceirizados, superexploração de mão de obra, péssimas condições de trabalho e faturamento ínfimo para o Brasil.

A privatização dos Correios está se anunciando.

Um comentário:

  1. Articulação (PT), CTB (Pseudobê)...Que mobilização pode ser esperada daí?

    É possível que desmantelem os Correios (a sanha neoliberal é insaciável). Teriam uma dificuldade, que é mexer na Constituição (arts. 21, X, 22, V). Mas isso eles conseguem. Mole.

    ResponderExcluir