O mais curioso nos congestionamentos urbanos é o fato de que a maioria esmagadora dos carros ali parados estão ocupados por apenas uma pessoa – o próprio motorista, óbvio. Pelo menos assim o é na terra de Palocci, Ribeirão Preto/SP.
Mais interessante que isso são as expressões e trejeitos dos impacientes solitários, não raras vezes culpando a administração pública pela ausência de políticas para o transporte.
Os engenheiros de tráfego mais alarmistas dizem que um dia a cidade para por completo. Mas fato é que até o momento não parou, mas somente elevou a níveis estratosféricos o stress dos motoristas, mormente na hora do rush.
Eu diria que a piora na qualidade de vida que o entupimento das vias públicas causa é o preço que se paga pelo conforto (?) de se utilizar o veículo. Se é que podemos chamar de conforto perder uma ou até duas horas diárias somente no trajeto. Isso sem contar a problemática que é estacionar em vias públicas. E a superinflação dos estacionamentos privados (um exemplo atual e bem didático da teoria de Adam Smith).
Ninguém abre mão de ter o seu próprio veículo – carona não existe, transporte público além de deselegante é sofrível e andar a pé é algo que não tem préstimo, apesar de Wilson Simoninha dizer o contrário[1].
Aliás, bastante anacrônico esse hábito de não se andar a pé. Mas trata-se da filosofia moderna: vivemos a paranóia de que carro é sinônimo e instrumento de poder.
É a conseqüência da perversa opção que o capitalismo periférico tupiniquim abraçou, privilegiando os carros – eternos fetiches da sociedade de consumo – em detrimento do transporte público e de meios mais saudáveis. É a polêmica relação que o Brasil criou com o automóvel.
E o pior é que os diminutos espaços para se andar a pé são constantemente usurpados por veículos estacionados irregularmente. Claro, falta espaço nas vias públicas, tomadas por veículos cada vez mais possantes.
Fato é que os motoristas nada fazem para diminuir o trânsito senão culpar o poder público pelos engarrafamentos. Reclamar é fácil, difícil é fazer mea culpa pelo caos no trânsito.
Deveria-se privilegiar meios alternativos, como o ferroviário e o metrô. Mas o lobby das máfias de ônibus é descomunal- aos menos aqui no Rio de Janeiro.
ResponderExcluirBicicleta é uma boa. Difícil é não chegar suado.
Em Ribeirão Preto idem. Há anos um tal de VLT (Veículo Leve sob Trilhos) é promessa de campanha de vários prefeitos eleitos. Mas, só fica na promessa, quiçá pelo referido lobby.
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